O Ernesto é do partido X, que está no Poder, e lê habitualmente o jornal Y.
Na segunda-feira, o Ernesto partilha uma notícia do Y sobre os negócios da mulher de um combativo deputado do partido W. “Estes gajos acham que somos todos cegos”, escreve no post, cuspindo fogo sobre o “sentimento de impunidade de alguns políticos”.
Na quinta-feira, o mesmo jornal Y faz manchete com alegadas irregularidades no financiamento da campanha do X. O Ernesto não partilha a notícia, mas vocifera nas redes contra “estes jornalistas”, que adoram fazer o jogo das oposições. “Será que ganham alguma coisa com isso?”, pergunta – insidiosamente – o Ernesto a quem perde tempo a ler as caixas de comentários dos jornais online.
Entre palmas e assobios
Ora, Ernestos há muitos. Gente que bate palmas às notícias de que gosta, mas aponta o dedo ao jornalismo quando a notícia não agrada.
Oscar Wilde vai perdoar-nos se dissermos que, neste caso, o importante é não ser Ernesto.
“A tribo jornalística”, do falecido mestre Traquina, ajuda a perceber que ser é esse, o Jornalista.
